Thursday, October 30, 2008


AS MANCHAS DA LUA

Há muitos, muitos anos atrás, numa ilha que quase ninguém conhece, vivia um homenzinho muito isolado por motivo de não querer ver ninguém.
Um dia esse homem andava a trabalhar ao Domingo, que é o dia de guarda. Andava a apanhar as silvas pra deixar crescer as suas novidades, as suas cultivações, na terra. De repente, apareceu-lhe uma luz muito forte que o cegou e lhe disse:
- Escutai-me, homem ignorante, eu sou Deus, o Pai do Céu.
Não quero que ninguém trabalhe ao Domingo porque é o dia do Senhor. Então porque é que trabalheis ao Domingo aqui neste lugar deserto ?
- Senhor, eu gosto de tar só e ao Domingo ninguém me atrapalha, aqui ninguém me vê, neste canto, neste dia.
Então, Deus sentiu-se obrigado a castigá-lo por ele fugir dos outros e por trabalhar ao Domingo e disse:
- Pois, sendo assim, quando morrerdes, todo o mundo vos há-de ver todas as noites e a fazer o trabalho que fizeste no dia em que não devíeis trabalhar. E só vos dou três dias para preparardes a vossa vida para castigo eterno.
Passados três dias, o homem faleceu e aí Deus colocou-o na lua com o molho de silvas às costas.
Quando olhamos para a lua e vemos manchas cinzentas, é o homenzinho que está a trabalhar com o molho de silvas às costas para salvar as suas cultivações.

Contos Tradicionais Açoreanos

de: Vera Isabel Couto, Nordeste, S. Miguel

Postado por: Fernandinha

Lisboa, 30 de Outubro de 2008
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Tuesday, October 21, 2008




O APRENDIZ DE MALANDRO !...

Era uma vez um homem que tinha um filho que era muito preguiçoso. O pai do rapaz via que ele não queria fazer nada e já andava desgostoso e disse-lhe:
- Ó rapaz, tens que ir aprender uma arte.
O rapaz, que era esperto, e sabia que o padrinho também não queria fazer nada e lá se ia arranjando na vida, disse logo:
- Sim, senhor, quero ir aprender a arte de meu padrinho.
No dia seguinte bateu à porta do padrinho e veio a madrinha e o rapaz perguntou:
- Onde está o padrinho ? Eu queria falar com ele.
Ela respondeu:
- Ele está no quintal, debaixo da macieira.
Foi o que o rapaz quis ouvir. Foi ter com o padrinho e ele disse-lhe:
- Senta-te aqui comigo debaixo da macieira.
E o rapaz assim fez.
Passado algum tempo, caiu uma maçã, o padrinho levantou-se,
apanhou-a e comeu-a.
Logo a seguir caiu uma maçã mesmo na boca do rapaz e ele pediu ao padrinho para lha empurrar pela boca dentro.
O padrinho respondeu:
- Ó rapaz, vai-te embora que já sabes mais do que eu !

Contos Tradicionais Açoreanos

de: Ivo Couto, S. Miguel

Fotos e Postagem: Fernandinha

Lisboa, 22 de Outubro de 2008
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Tuesday, October 14, 2008


O SÁBIO E O PESCADOR !...

Era uma vez um rei que gostava de pôr adivinhas e uma certa vez queria saber quanto pesava a lua e quanta água o mar media.
Apareceu-lhe um pescador e ia ser condenado à morte se não lhe desse as respostas certas.
Foi-se o pescador sentar à beira-mar muito triste porque não encontrava nenhum meio de descobrir q que o rei queria saber.
Apareceu-lhe um sábio do rei e perguntou-lhe porque estava triste e ele respondeu-lhe que estava condenado à morte.
O sábio quis saber o que se passava e depois disse-lhe:
- Deixa-me ver a tua roupa de pescador e vestes a minha de sábio.
Agoniado, o pescador despiu os trapos e vestiu as roupas de sábio e o sábio vestiu as do pescador. Foi o falso pescador de cabeça baixa ao rei e disse:
- Saiba vossa majestade que já tenho resposta para as suas perguntas.
- Vá lá, va´lá, que estou muito curioso de saber.
- É facil medir a água do mar se vossa majestade mandar secar os rios e as pontes que vão desaguar no mar.
O rei disse:
- Está bem. Safaste-te bem. Mas agora quero saber quanto pesa a lua.
O sábio pôs-se a pensar e disse:
- Ora a lua tem quatro quartos, logo tem que pesar um quilo.
O rei aceitou a resposta, mas ainda lhe quis pôr mais uma adivinha e disse assim:
- Para eu me dar por satisfeito tens que me dizer o que é que eu estou a pensar.
E o suposto pescador não se atrapalhou nada e disse a rir:
- Vossa majestade está a pensar que está a falar com o pescador,
mas está a falar é com o seu sábio.

Contos Tradicionais Açoreanos

de: Maria Teixeira Bettencourt, Toledo, S. Jorge, 80 anos

Postagem e Fotos: Fernandinha

Lisboa, 14 de Outubro de 2008
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Wednesday, October 01, 2008


O MANUEL E A MARIA

Um casal tinha dois filhos, o Manuel e a Maria. Como nessa altura se ia buscar água à fonte, o Manuel, como era o mais velho, é que ia.
Para não se perder o Manuel ia marcando o caminho com pedrinhas pintadas de vermelho.
Um certo dia, o pai disse a Maria:
- Já estás grande ! Passas a ir também à fonte. Cada dia vai um de vocês.
E assim foi. A Maria também não se queria enganar no caminho e marcou-o com grãozinhos de milho.
As aves vieram e comeram-lhe o milho e a Maria não soube voltar para casa.
Oa pais ficaram preocupados com a demora e foram mais o irmão ver o que se passava. Encontraram a Maria a chorar porque não sabia como havia de voltar a casa.
Então o irmão disse:
- Tens que ser mais cuidadosa, se tivesses marcado o caminho com pedras nada teria acontecido, mas com milho não é seguro porque os pássaros comem-no.
Todo o cuidado é pouco !

Contos Tradicionais Açoreanos

Elmina Silva, 62 anos, Santa Cruz, Graciosa

Fotos da Graciosa,

postado por; Fernandinha
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