Monday, October 15, 2007

PERFUME DE ROSA

Um gélido olhar distante,
apesar de não ferir,
faz doer...
Um grito dilacerante,
apesar de não se ouvir,
faz temer...

Dói bem fundo, o pressentir
a dureza do desgosto,
gelar o nobre sorrir,
lesar a perfeição do rosto.
Dói bem fundo o descobrir,
que tal sofrer é profundo
por não conseguir abolir,
os males que grassam no mundo.

Sentir o sorrir, o chorar,
a gargalhada, o grito,
olhar quem cala o penar,
beijar um ser aflito,
são indícios grandiosos,
de uma vida generosa,
laços tão silenciosos
como perfume de rosa.

Não cales o teu sofrer,
divide-o com os demais,
sempre que o sintas doer,
solta teus pungentes ais!
Está Alguém ao teu lado ,
transparente como o ar,
abraçando com cuidado
teu coração a chorar!

Fala como se O ouvisses.
Sorri como se o Sentisses.
Deixa vogar teu martírio,
nesse Ar que te abraça,
abençoa o Seu auxilío,
sentirás a Sua Graça!
Terás a candura de um cílio,
mesmo se a chama for escassa.

Fernanda

Monday, October 08, 2007

INVENTANDO

Dos colares do Céu vindos:
Pássaros, abelhas e formigas,
em contos, em fábulas antigas,
nas cinzas dos serões findos.

Fada, com vara de jasmim,
Raínha, em brincos de princesa,
mendigando uma singela realeza,
na flor do canteiro do jardim.

Verdes, verde limoeiro,
sol do mundo limão,
prado de um coração,
no seu amor primeiro.

Cheira a flor de laranjeira,
à branca pureza angilical,
à palpitada essência virtual,
nesta inspiração derradeira.

A inspiração agora esperada
transporta-a a força vento...
Para esse dono eu invento
O verso, a letra já levada.

Fernanda

Monday, October 01, 2007

DETIDA ILUSÃO

Já não tenho coração!

A vida é um nada indeferente.
O sonho, não o tenho no presente.
O futuro, horizonte de esperança vã.

Perdi-me do sonho,
perdi-me da vida,
perdi-me de mim,
alma ressequida.

Ligo o rádio.
Ligo a televisão.
Ligo-me ao mundo...
E nada detém
esta encurvante consumidora,
essa arrebatante dominadora.

Pura ilusão!
A alma fica, subitamente, ensolarada.

Novo mel fabricado no coração.

Em jeito de crepúsculo estival
entro pela manhã orvalhada,
subtilmente perfumada
de esperanças floridas,
de esperanças julgadas perdidas.


Fernanda