A Abelha ainda não chegou com o mel
Uma certa vez estavam uns homens segando trigo, centeio e cevada nas terras, o que tinha resistido á seca, pois o ano tinha sido muito seco e já não restava pão pra comer. Entretanto chegou a hora de jantar, mas, quando disserem ao dono da terra que tava na hora de comer, ele disse:
- A abelha ainda não chegou com o mel,
Os outros não perceberam o que ele queria dizer e pensaram que ele tava à espera da mulher que se tava ademorar pra vir trazer o jantar.
Os outros já tavam fartos de esperar e disseram outra vez pra irem jantar. Mas ele respondeu outra vez:
- A abelha ainda não chegou com o mel.
Depois de passadas algumas horas, o homem disse:
- A abelha já chegou! Vamos comer.
E todos vieram a correr, atiraram as suas foices e sentaram-se pra comer. Ele tirou da saca um bolo de raiz e folhas de feito e começou a comê-lo cheio de vontade.
Os outros ficaram admirados porque não viam o mel e perguntaram:
- Onde é que tá o mel ?
Ele começou a rir e disse:
- A abelha que ia trazer o mel era a grandessíssima fome que agora já tenho e que me faz com que este bolo amargo me saiba a mel.
Contos Tradicionais Açoreanos:
José do Alto, 84 anos-Santo Antão, Santa Maria.
Postado por, Fernandinha
Lisboa, 04 de Junho de 2008
11 comments:
Oi Fernandinha, lindo conto, bela escolha,onde é que tá o mel.
gostei!!!
Beijinhos de carinho
Lourenço
caraca, essa abelha vive em mim, sabia?!
:)
beijoooooooooO!
*
Atrás do mel correm as abelhas,
in-voz do povo,
,
jinos
,
*
olha que conto tão lindoooooooooo
uma abelhinha e mel...
beijinhos
Alegra a alma, mas já não funciona :)
Bzzzjos
Olá, fernandinha, vi-te agora mesmo no rio, mas não me viste tu! Dei cá um salto e... um conto tradicional me veio recordar a esperteza desta gente para transformar em mel o que a outros, de casa farta, saberia por certo a fel.
Hoje, vim aqui.
Um abraço para ti.
Jorge P.G.
Fernanda.
Hoje com um pouco de tempo,vim a este espaço e adorei o texto,baseado num conto popular dos Açores,gostei.
Beijinho Lisa
Nanda, fiquei contente em descobrir através de você esse escritor tão especial, José do Alto, seu conterrâneo dos Açores, que do "alto" das suas 84 quadras de existência conserva a magia de espírito para tirar das coisas mais simples o belo. José do Alto é daqueles que não se entrega ao efÊmero materialismo. Vou procurar lê-lo mais. Já anotei. Beijos
Bolo de raiz e folhas de feto.
Sem mel.
E só comido quando o patrão queria.
José do Alto trnasforma a natureza em palavras.
Belo conto.
Só quando as faltas. dificuldades aparecem, damos o valor ao que temos
bj
Adorei, linda.
No meu abraço amigo, votos de feliz feriado.
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